LIMITES DA SUBJETIVIDADE ADMINISTRADA: RELAÇÕES ENTRE O PRECONCEITO E O NARCISISMO

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Pedro Octávio Gonzaga Rodrigues
Kety Valéria Simões Franciscatti

Resumo

Este artigo, de natureza teórica, investiga os elementos objetivos e subjetivos presentes na constituição e expressão do preconceito, e sua relação com o narcisismo. De acordo com Horkheimer e Adorno, o preconceito é tanto um fenômeno social quanto psicológico: fundado nos obstáculos objetivos à formação do indivíduo, manifesta-se como marcas subjetivas do que não se formou, sedimentos que atuam como necessidades irracionais dos indivíduos pseudoformados. A relação do indivíduo predisposto ao preconceito com o objeto é mediada pela dimensão pulsional reprimida por uma estrutura social injusta e pelos mecanismos de defesa do ego. Conforme as análises empreendidas, quanto mais a cultura intensifica o medo e o desamparo, maior é a ameaça sentida pelo indivíduo, nesse processo, mais libido é retirada dos objetos, mais intenso os mecanismos de defesa, e maior o seu narcisismo. Com o narcisismo acentuado, o indivíduo tem dificuldade de entrar em contato com o que julga ser diferente, projetando no objeto aquilo que ele não consegue elaborar sobre si mesmo. Esse processo torna-se mais intenso nas sociedades industriais, uma vez ela produz uma regressão acentuada na consciência do indivíduo, fortalecendo a adaptação a valores sociais totalitários e a identificação deste com a psicologia de massas própria do fascismo. Tal dinâmica vêm obstando cada vez mais a possiblidade do indivíduo refletir sobre a violência que ele reforça e perpetua. Conclui-se que o narcisismo desempenha papel fundamental em todos estes processos: por participar de todos os mecanismos de defesa e interferir na relação sujeito/objeto (na apreensão/reflexão da realidade pelo indivíduo), obsta o contado do indivíduo consigo mesmo e com o outro, impossibilitando, assim, a alteridade.

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